segunda-feira, 25 de junho de 2007

A Seca na Agricultura do Oeste


A agricultura e o Mundo Rural da Região Oeste debate-se com enormes problemas por falta de planeamento e ordenamento do território, das culturas e das actividades tradicionais.
Não tem existido uma estratégia política por parte dos governos portugueses que dinamize o desenvolvimento da agricultura e do Mundo Rural.
Não tem existido por parte das autarquias da Região Oeste uma politica de apoio à agricultura e ao Mundo Rural.
Quando da elaboração dos PDMs, não tem existido a preocupação de fazer um levantamento de locais com potencialidades para a construção de pequenas charcas ou barragens, sustentadas por perímetros de salvaguarda, destinados a culturas consideradas ancôra, como: a fruticultura, horticultura, viticultura, floresta ou actividades como a pecuária, doçaria e artesanato rural, restauração com ementa rural, hotelaria rural… como suporte de um verdadeiro turismo em espaço rural.
Agora, vamos falar de problemas das geadas e da seca.
Como manda a tradição e as características climáticas, os concelhos da Lourinhã, Peniche, Óbidos, Bombarral, Torres Vedras e Caldas da Rainha, possuem umas franjas territoriais que normalmente sofrem a influência dos ventos temperados marítimos, sem geadas no Inverno, o que lhes permite produzir batatas Primor, " chamada batata do cedo" ou " batata nova".
Esta batata plantada e produzida no Inverno preenchia até á pouco tempo as necessidades do mercado de consumo português, evitando as roturas dos circuitos de abastecimento deste tubérculo, até à colheita da batata de fim de Primavera/Verão.
Actualmente a batata Primor é a única possibilidade de alguns agricultores sobreviverem nestas sub- regiões, arrancaram as vinhas, pomares de macieiras, pessegueiros, ameixeiras …, há dias por exemplo, frezaram as couves Bacalan porque não as conseguiram vender, ao plantarem e colherem as batatas Primor no Inverno/Primavera contribuem também para a estabilidade do mercado grossista e retalhista, uma vez que se todos os produtores de batata plantarem e colherem na mesma época de produção e colheita, provocam um excesso pontual de oferta, junto do mercado grossista, que a par da importação descontrolada de Espanha, estrangula os preços no produtor, embora por falta de organização e por consentimento politico os preços no consumidor continuem demasiados elevados, reduzindo dessa forma o consumo, com prejuízos continuados para os produtores e consumidores.
Assim, é pertinente que os produtores de batata Primor do Oeste, continuem a produzir "Batata do Cedo", até com mais insistência, no aproveitar de uma grande oportunidade de negócio, produzir " Antes dos Espanhóis", aproveitando as condições climatéricas favoráveis, para produzir " Batata Primor do Oeste" e exportá-la para Espanha, enquanto a neve impede os nossos vizinhos espanhóis de produzirem batata mais cedo.
Mas para que a produção de batata na Região Oeste, possa ter futuro, é preciso que o governo português actual, não prossiga na política dos anteriores, considerando a agricultura e o desenvolvimento rural como sub sectores económicos e sociais de menor interesse.
É neste paradoxo que temos de reflectir, a agricultura é ou não importante para a economia do País?
Se Portugal quiser apostar no desenvolvimento da Agricultura e do Mundo Rural, então tem de apostar nas potencialidades da Região Oeste, exemplos:
Inovação Tecnológica
Construção de charcas
Pequenas barragens
Sistemas de rega inovadores
Novas práticas culturais
Novas técnicas de condução
Novas técnicas de colheita
Novas técnicas de conservação
Novas técnicas de comercialização e de promoção
Formação académica e profissional adequadas às necessidades…
Empresas com Dimensão Económica:
Agrupamentos de Pequenos Produtores
Cooperativas de Produção e Comercialização
Associações de Produção e Comércio
Cooperativas de Máquinas e Equipamentos
Sociedades de Agricultura e Comércio
Associações de Exportação e Importação (com escritórios nos mercados alvo)
Cooperativas de Desenvolvimento Rural
Associações de Desenvolvimento Ambiental e Rural
Isto poderá ser algumas medidas de suporte do principio da viragem para o desenvolvimento, porque Portugal para ser um país considerado na União Europeia e Mundo Lusófono, não pode ficar eternamente á mercê das importações para satisfazer as suas necessidades alimentares, enquanto a sua população rural definha nos subsídios de desemprego ou do rendimento mínimo.
Actualmente a Região Oeste debate-se com graves riscos de seca, porque não tem estruturas de armazenamento e regulação dos milhões de m3 de água provenientes dos lençóis freáticos ou da chuva (anos chuvosos) que diariamente correm através dos rios ou riachos para o mar.
Esta água a curto prazo está a fazer grande falta nas culturas da batata e outras espécies hortícolas, na fruticultura e vinha fazer-se-á sentir lá para o inicio e fim do verão, na floresta logo que surja o primeiro grande fogo, no turismo rural não passa de uma miragem.
Portanto, a seca no Mundo Rural do Oeste é um problema endémico estruturante, tem a haver com a vontade politica do governo e das autarquias, em quererem ter uma agricultura parecida, não é preciso ir mais longe, com a da nossa vizinha Espanha.

sábado, 23 de junho de 2007

Produtos Tradicionais e a Marca Regional Oeste


A Região Oeste tem uma grande potencialidade ao nível da produção de produtos agrícolas frescos.
Projectando numa perspectiva de uma agricultura empresarial, com dimensão económica a uma escala de mercado competitivo, tem–se de partir de um pressuposto que há uma vasta variedade de frutas, hortícolas e de uvas, que naturalmente já potencializaram o aparecimento da Pêra Rocha do Oeste, da Maçã de Alcobaça, Vinhos da Região Demarcada de Óbidos, Vinhos Regionais da Estremadura, Bacelos do Pó, Ginja de Óbidos e Alcobaça , Aguardente da Região Demarcada da Lourinhã…alguns destes produtos já com sucesso nos mercados internos e externos, outros aguardam uma estratégia de Marketing Regional, apesar de terem sido cometidos alguns erros, neste domínio, mas algum trabalho já foi feito
Todavia, ao nível dos produtos agrícolas frescos há potencial para apostar em outros: em nichos de produção de frutas ( ameixas, peras, alperces, pêssegos, limões, kiwi, uva …) na "Batata da Lourinhã", nos Hortícolas da Lourinhã, Peniche, Torres Vedras. Bombarral e Óbidos…
A elevada qualidade dos produtos agrícolas frescos da Região Oeste, uns produzidos na agricultura convencional segundo as normas da Protecção e Produção Integrada, outros através do Modo Biológico, oferecem enormes oportunidades de produção de produtos tradicionais transformados, a caminhar para uma gama de produtos diferenciados, pode afirmar – se no panorama destes produtos de qualidade, produzidos de forma artesanal, sob a forma de nichos de mercado, criando novas oportunidades de negócio e de ocupação profissional.
Já existe algum trabalho de campo, ás custas dos produtores e algumas associações, são exemplo os: Licores, Conservas, Bolos, Concentrados, Sumos, Doces….de Pêra Rocha, Maçã, Ameixa, Uva, Ginja, Pêssego, Alperce, Couv Flor, Brócolos; Cenoura, Abóbora, Tomate …., Pão do Lavrador, Carnes Fumadas, Queijos…, Artesanato e Artes Decorativas Rurais …estão em estudo a criação de Rotas de Restaurantes com Ementa Rural e Redes de Lojas de Exposição e Venda de Produtos Tradicionais.
A ruralidade da Região Oeste de acordo com a sua estrutura fundiária, económica e social, tem muito da sua força nos pequenos produtores agrícolas, muitos á procura de reconversão profissional. Naturalmente existe uma enorme bolsa de potenciais produtores de produtos diferenciados de produção artesanal, tem é de ser ajudados a organizarem – se ao nível da formação profissional, produção e venda.
Ao iniciar o próximo Quadro Comunitário de Apoio, a Região Oeste, não pode cair no exagero da tentação egocentrista, das designações concelhias (DOP, IGP..) para não cometer como no passado recente alguns erros, nos domínios do Marketing Regional, uma vez que a grande marca chapéu regional " Oeste " foi descurada.
Mas na actualidade, há que rapidamente reflectir, e aproveitar a força que a marca " OESTE" vai adquirir através do Turismo, no próximo QCA.
Dentro desta lógica algumas autarquias começam a interessar – se pela criação de pequenas feiras, como espaços específicos de promoção e venda de produtos de reduzida produção, mas de elevadíssima qualidade, importantes do ponto de vista do crescimento económico regional, das micro – economias rurais regionais, e de suporte atractivo a um Turismo em Espaço Rural, dirigido a segmentos sociais de de raiz urbana, que ao fim de semana ou em férias pretendem usufruir de ambiente natureza e consumir produtos de qualidade do Mundo Rural com origem e a marca "OESTE".
São um bom exemplo, os certames mensais: de Primavera/Verão - Feira Rural em Torres Vedras e durante todo ano a Feira da Batata – Mostra do Mundo Rural na Lourinhã.