A agricultura e o Mundo Rural da Região Oeste debate-se com enormes problemas por falta de planeamento e ordenamento do território, das culturas e das actividades tradicionais.
Não tem existido uma estratégia política por parte dos governos portugueses que dinamize o desenvolvimento da agricultura e do Mundo Rural.
Não tem existido por parte das autarquias da Região Oeste uma politica de apoio à agricultura e ao Mundo Rural.
Quando da elaboração dos PDMs, não tem existido a preocupação de fazer um levantamento de locais com potencialidades para a construção de pequenas charcas ou barragens, sustentadas por perímetros de salvaguarda, destinados a culturas consideradas ancôra, como: a fruticultura, horticultura, viticultura, floresta ou actividades como a pecuária, doçaria e artesanato rural, restauração com ementa rural, hotelaria rural… como suporte de um verdadeiro turismo em espaço rural.
Agora, vamos falar de problemas das geadas e da seca.
Como manda a tradição e as características climáticas, os concelhos da Lourinhã, Peniche, Óbidos, Bombarral, Torres Vedras e Caldas da Rainha, possuem umas franjas territoriais que normalmente sofrem a influência dos ventos temperados marítimos, sem geadas no Inverno, o que lhes permite produzir batatas Primor, " chamada batata do cedo" ou " batata nova".
Esta batata plantada e produzida no Inverno preenchia até á pouco tempo as necessidades do mercado de consumo português, evitando as roturas dos circuitos de abastecimento deste tubérculo, até à colheita da batata de fim de Primavera/Verão.
Actualmente a batata Primor é a única possibilidade de alguns agricultores sobreviverem nestas sub- regiões, arrancaram as vinhas, pomares de macieiras, pessegueiros, ameixeiras …, há dias por exemplo, frezaram as couves Bacalan porque não as conseguiram vender, ao plantarem e colherem as batatas Primor no Inverno/Primavera contribuem também para a estabilidade do mercado grossista e retalhista, uma vez que se todos os produtores de batata plantarem e colherem na mesma época de produção e colheita, provocam um excesso pontual de oferta, junto do mercado grossista, que a par da importação descontrolada de Espanha, estrangula os preços no produtor, embora por falta de organização e por consentimento politico os preços no consumidor continuem demasiados elevados, reduzindo dessa forma o consumo, com prejuízos continuados para os produtores e consumidores.
Assim, é pertinente que os produtores de batata Primor do Oeste, continuem a produzir "Batata do Cedo", até com mais insistência, no aproveitar de uma grande oportunidade de negócio, produzir " Antes dos Espanhóis", aproveitando as condições climatéricas favoráveis, para produzir " Batata Primor do Oeste" e exportá-la para Espanha, enquanto a neve impede os nossos vizinhos espanhóis de produzirem batata mais cedo.
Mas para que a produção de batata na Região Oeste, possa ter futuro, é preciso que o governo português actual, não prossiga na política dos anteriores, considerando a agricultura e o desenvolvimento rural como sub sectores económicos e sociais de menor interesse.
É neste paradoxo que temos de reflectir, a agricultura é ou não importante para a economia do País?
Se Portugal quiser apostar no desenvolvimento da Agricultura e do Mundo Rural, então tem de apostar nas potencialidades da Região Oeste, exemplos:
Inovação Tecnológica
Construção de charcas
Pequenas barragens
Sistemas de rega inovadores
Novas práticas culturais
Novas técnicas de condução
Novas técnicas de colheita
Novas técnicas de conservação
Novas técnicas de comercialização e de promoção
Formação académica e profissional adequadas às necessidades…
Empresas com Dimensão Económica:
Agrupamentos de Pequenos Produtores
Cooperativas de Produção e Comercialização
Associações de Produção e Comércio
Cooperativas de Máquinas e Equipamentos
Sociedades de Agricultura e Comércio
Associações de Exportação e Importação (com escritórios nos mercados alvo)
Cooperativas de Desenvolvimento Rural
Associações de Desenvolvimento Ambiental e Rural
Isto poderá ser algumas medidas de suporte do principio da viragem para o desenvolvimento, porque Portugal para ser um país considerado na União Europeia e Mundo Lusófono, não pode ficar eternamente á mercê das importações para satisfazer as suas necessidades alimentares, enquanto a sua população rural definha nos subsídios de desemprego ou do rendimento mínimo.
Actualmente a Região Oeste debate-se com graves riscos de seca, porque não tem estruturas de armazenamento e regulação dos milhões de m3 de água provenientes dos lençóis freáticos ou da chuva (anos chuvosos) que diariamente correm através dos rios ou riachos para o mar.
Esta água a curto prazo está a fazer grande falta nas culturas da batata e outras espécies hortícolas, na fruticultura e vinha fazer-se-á sentir lá para o inicio e fim do verão, na floresta logo que surja o primeiro grande fogo, no turismo rural não passa de uma miragem.
Portanto, a seca no Mundo Rural do Oeste é um problema endémico estruturante, tem a haver com a vontade politica do governo e das autarquias, em quererem ter uma agricultura parecida, não é preciso ir mais longe, com a da nossa vizinha Espanha.