A agricultura é uma actividade económica com grande impacto social, num País, como Portugal.
Ao longo da historia Lusíada, houve interesses de grupos sócio - políticos de inspiração feudal, que secundarizou as potencialidades de desenvolvimento do sector secundário, condenando a industrialização de matérias primas de um império desaproveitado, obrigando á ocupação quase exclusiva nos trabalhos braçais da ruralidade, de uma parte de um povo vergado pela fatalidade da luta pela sobrevivência.
A agricultura como actividade sectorial primaria, subdesenvolvida, cuja especialização era a força braçal, serviu ás mil maravilhas como capa de politicas estatais privilegiando o obscurantismo, desviando jovens rapazes e raparigas dos meios rurais dos bancos da escola.
A eles ofereceu como canetas, os cabos que lhes permitia servirem – se das enxadas para enfrentar uma luta diária com a terra, a elas os arcos das cestas com o almoço para pais e irmãos, palmilhando Km, e no regresso a casa apanharem e transportarem á cabeça uma saca de erva para alimentarem coelhos ou uma cabra, cuja carne ou leite, consumidos ou vendidos, aliviavam o paupérrimo orçamento familiar.
De uma maneira geral, a vida de quem dependia exclusivamente do sector da produção ou trabalho agricola, estava no limiar das necessidades básicas, a alimentação era escassa, a habitação rudimentar, com o alguidar no quintal ou na própria cozinha a substituir a banheira de uma casa de banho que não existia, a escola era uma miragem para aqueles que ao deitar já sabiam que não tinham mata bicho….
Felizmente, nas ultimas 3 décadas as coisas mudaram, as pessoas que vivem no meio rural, começaram a poder ter uma vida decente
Em particular na Região Oeste, devido a interesses económicos, alteração de hábitos alimentares e condições micro – climáticas, a agricultura desenvolveu – se, potenciou a expansão de culturas como os cereais, vinha, fruticultura e horticultura.
Entretanto surgiu a CEE, as promessas, os projectos financiados, as dividas á banca e a entrada de subsídios. Estas dividas á banca e os subsídios pagaram tractores, alfaias, sistemas de rega, estufas, furos artesianos, poços, puxadas de electricidade, regas gota a gota, jipes, armazéns, casas de habitação, pavilhões avícolas, suiniculturas, pecuárias de carne e leite, centrais fruteiras, adegas cooperativas, automóveis…
Os jovens agricultores acreditaram, os agricultores acreditaram, começaram a produzir produtos de qualidade, a organizarem – se para fazer face ás inovadoras exigências dos mercados…eram os mercados de origem, os mercados abastecedores, era o MARL, era a normalização dos produtos agricolas, era o mundo novo….
Tudo isto foi importante para a macroeconomia Nacional e regional, movimentou a construção civil, as empresas de maquinaria e equipamentos, os serviços de apoio contabilístico e fiscal, os apoios jurídicos e de solicitadoria, os serviços de engenharia e arquitectura, a industria das paletes e caixas, a industria de viveiros, empresas de electricidade e equipamentos, oficinas de mecânica e serralharia, industria de reclames luminosos, a restauração, o comércio tradicional em geral, a abertura de agencias bancárias…. para confirmar é só comparar com a actualidade.
Entretanto os hábeis políticos portugueses, há mais de uma dezena de anos começaram a atraiçoar uma classe social, os agricultores, que devia ser respeitada.
Anteciparam a abertura de fronteiras aos produtos agricolas comunitários e dos países terceiros, e começaram a grande tarefa de liquidar a produção agricola portuguesa, asfixiando a agricultura familiar, principal produtora e empregadora em troca dos grandes ordenados e reformas como gestores de empresas publicas e privadas sustentadas pelos impostos pagos pelos portugueses, através das grandes portas escancaradas para a fraude, chamadas construção de pontes, auto – estradas, estádios de futebol, aeroportos, TGV, e outras obras publicas …. com sociais derrapagens financeiras.
Actualmente, os agricultores na Região Oeste, onde predomina a agricultura familiar, não tem hipóteses de sobreviver.
Ás empresas agricolas familiares não lhe foram dadas possibilidades de reconverter, emparcelar, ganhar dimensão económica, não tem capacidade financeira, actualmente não tem crédito, como é que podem investir, inovar, crescer e ganhar competitividade?
Como é que sobrevivem e ganham competitividade, sem a regulação dos mercados, onde o produtor vende abaixo dos custos de produção e não sabe quando recebe?
Fala –se no Turismo , mais uma falácia, destinado a um espaço rural morto sem homens e mulheres, porque não se valoriza a função social e demográfica de fixar populações.
Não bastava a subida desenfreada dos factores de produção, como se prepara mais uma maldade apontada aos agricultores, a obrigatoriedade do pagamento de uma taxa de utilização da água na agricultura, mesmo utilizando estruturas de captação e armazenamento próprias.
È uma verdadeira palhaçada, querem imitar Espanha, mas as estruturas de captação, armazenamento e distribuição de agua, foram pagas pelo estado espanhol, muitas são do tempo do Franco, funcionam bem e os agricultores espanhóis pagam taxas simbólicas, é só comparar com as barragens da Atouguia da Baleia, Obidos, Alvorninha e Sobrena foram construídas com dinheiro da agricultura, mas não estão ao serviço dos produtores agricolas.
.Não há duvidas, os actuais governantes parecem danadinhos para obrigarem as populações dos meios rurais a regredirem 3 décadas…mas que democracia ?Que futuro na terra da Maçã, Pera Rocha, Vinho e Horticultura, para o comércio, industria e serviços.
domingo, 15 de março de 2009
segunda-feira, 9 de março de 2009
Autarquia e a Guitarra
As autarquias passam por dificuldades económicas, começam a esgotar a capacidade de endividamento, falta –lhes dinheiro para cumprir pagamentos junto de fornecedores de serviços, equipamentos e materiais consumíveis.
Fala – se no comércio tradicional, na sua crise, mas as ajudas que algumas câmaras municipais dão, é comprar fora do concelho e quando compram dentro ficam a dever.
Mas continuam a não ter rigor orçamental. Compram algumas coisas necessárias, mas muitas vezes disfarçam negócios supérfluos, mandam fazer obras de fachada a coberto dos fundos comunitários, com derrapagens orçamentais não fiscalizadas, sem estabelecer prioridades de acordo com as necessidades básicas das populações
Em muitos casos são geridas por presidentes e vereadores sem formação académica e consequentemente cívica, sobra – lhe em arrogância o que lhe falta em humildade e conhecimento, tem uma frágil liderança, não possuem competências técnicas ou empíricas, são obrigados a manter um diálogo de surdos, com os políticos, cidadãos, técnicos e funcionários autárquicos, dando origem a uma cultura institucional de contornos dramaticamente medíocres.
Uma autarquia onde não há liderança e chefia no topo da pirâmide, não pode ter capacidade de chefias intermédias ao nível da base, não tem estratégia de desenvolvimento, os seus mandantes ficam cada vez mais sós, isolados da população em geral, longe das opiniões e das soluções para realizarem uma gestão autárquica de acordo com os interesses das populações que os elegem, e então surge o disparate atrás de disparate.
Estão isolados, não tem informação, falta – lhes os apoios, ficam á mercê de gente sem escrúpulos e começa o descalabro.
Constroem praças publicas sem casas de banho ou estacionamentos, escolas deslocalizadas dos aglomerados populacionais, tem dificuldade em recuperar e por os edifícios públicos ao serviço da cultura e das populações, as obras publicas andam a passo de caracol e não chegam ao fim, não conseguem ordenar o transito dentro das povoações, identificar um sector ancora da economia concelhia, produzir um plano estratégico de Marketing Institucional concelhio, ignoram os buracos nas ruas e o saneamento básico nas aldeias, o apoio ás empresas e criação de emprego, as alterações ao PDM de acordo com as especificidades concelhias e interesse dos cidadãos, as carências de recursos humanos e das estruturas de apoio á saude…..
Esta tipologia de autarcas, são ultrapassados pela dinâmica do Mundo Actual, fogem a sete pés da inovação, são alérgicos ás novas tecnologias, desconhecem as vantagens económicas e ambientais das energias renováveis.
Olham em redor para os concelhos vizinhos, vêem um horizonte visual recheado de aerogeradores, produzindo energia eléctrica menos poluente e receitas financeiras para os cofres das autarquias e dos proprietários onde esses moinhos são instalados, mas para o seu concelho nada interessa, ficam á espera de um qualquer milagre.
Um pequeno concelho como Bombarral, com uma orografia privilegiada, de peito feito para os ventos da aberta Atlântica, não é difícil instalar uns parques eólicos, a produzirem uma receita liquida de 100.000 contos ano ( moeda antiga). e as micro e mini eólicas, assim como as fotovoltaicas….podem ser importantes na redução de custos orçamentais e reais das empresas agricolas, comerciais, industriais e custos energéticos do parque habitacional.
Com uma verba de 100.000 contos ano, complementar ás dotações orçamentais estatais, quantos subsídios podem ser dados ás associações económicas, culturais, educacionais, desportivas, e de solidariedade social ?
Quantas candidaturas aos fundos comunitários financiadas a mais de 50% ou 60% ?
Afinal, o grande problema das autarquias e idêntico ao do guitarrista, não basta ter um grande instrumento, é preciso é ter unhas.
Fala – se no comércio tradicional, na sua crise, mas as ajudas que algumas câmaras municipais dão, é comprar fora do concelho e quando compram dentro ficam a dever.
Mas continuam a não ter rigor orçamental. Compram algumas coisas necessárias, mas muitas vezes disfarçam negócios supérfluos, mandam fazer obras de fachada a coberto dos fundos comunitários, com derrapagens orçamentais não fiscalizadas, sem estabelecer prioridades de acordo com as necessidades básicas das populações
Em muitos casos são geridas por presidentes e vereadores sem formação académica e consequentemente cívica, sobra – lhe em arrogância o que lhe falta em humildade e conhecimento, tem uma frágil liderança, não possuem competências técnicas ou empíricas, são obrigados a manter um diálogo de surdos, com os políticos, cidadãos, técnicos e funcionários autárquicos, dando origem a uma cultura institucional de contornos dramaticamente medíocres.
Uma autarquia onde não há liderança e chefia no topo da pirâmide, não pode ter capacidade de chefias intermédias ao nível da base, não tem estratégia de desenvolvimento, os seus mandantes ficam cada vez mais sós, isolados da população em geral, longe das opiniões e das soluções para realizarem uma gestão autárquica de acordo com os interesses das populações que os elegem, e então surge o disparate atrás de disparate.
Estão isolados, não tem informação, falta – lhes os apoios, ficam á mercê de gente sem escrúpulos e começa o descalabro.
Constroem praças publicas sem casas de banho ou estacionamentos, escolas deslocalizadas dos aglomerados populacionais, tem dificuldade em recuperar e por os edifícios públicos ao serviço da cultura e das populações, as obras publicas andam a passo de caracol e não chegam ao fim, não conseguem ordenar o transito dentro das povoações, identificar um sector ancora da economia concelhia, produzir um plano estratégico de Marketing Institucional concelhio, ignoram os buracos nas ruas e o saneamento básico nas aldeias, o apoio ás empresas e criação de emprego, as alterações ao PDM de acordo com as especificidades concelhias e interesse dos cidadãos, as carências de recursos humanos e das estruturas de apoio á saude…..
Esta tipologia de autarcas, são ultrapassados pela dinâmica do Mundo Actual, fogem a sete pés da inovação, são alérgicos ás novas tecnologias, desconhecem as vantagens económicas e ambientais das energias renováveis.
Olham em redor para os concelhos vizinhos, vêem um horizonte visual recheado de aerogeradores, produzindo energia eléctrica menos poluente e receitas financeiras para os cofres das autarquias e dos proprietários onde esses moinhos são instalados, mas para o seu concelho nada interessa, ficam á espera de um qualquer milagre.
Um pequeno concelho como Bombarral, com uma orografia privilegiada, de peito feito para os ventos da aberta Atlântica, não é difícil instalar uns parques eólicos, a produzirem uma receita liquida de 100.000 contos ano ( moeda antiga). e as micro e mini eólicas, assim como as fotovoltaicas….podem ser importantes na redução de custos orçamentais e reais das empresas agricolas, comerciais, industriais e custos energéticos do parque habitacional.
Com uma verba de 100.000 contos ano, complementar ás dotações orçamentais estatais, quantos subsídios podem ser dados ás associações económicas, culturais, educacionais, desportivas, e de solidariedade social ?
Quantas candidaturas aos fundos comunitários financiadas a mais de 50% ou 60% ?
Afinal, o grande problema das autarquias e idêntico ao do guitarrista, não basta ter um grande instrumento, é preciso é ter unhas.
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