segunda-feira, 9 de março de 2009

Autarquia e a Guitarra

As autarquias passam por dificuldades económicas, começam a esgotar a capacidade de endividamento, falta –lhes dinheiro para cumprir pagamentos junto de fornecedores de serviços, equipamentos e materiais consumíveis.
Fala – se no comércio tradicional, na sua crise, mas as ajudas que algumas câmaras municipais dão, é comprar fora do concelho e quando compram dentro ficam a dever.
Mas continuam a não ter rigor orçamental. Compram algumas coisas necessárias, mas muitas vezes disfarçam negócios supérfluos, mandam fazer obras de fachada a coberto dos fundos comunitários, com derrapagens orçamentais não fiscalizadas, sem estabelecer prioridades de acordo com as necessidades básicas das populações
Em muitos casos são geridas por presidentes e vereadores sem formação académica e consequentemente cívica, sobra – lhe em arrogância o que lhe falta em humildade e conhecimento, tem uma frágil liderança, não possuem competências técnicas ou empíricas, são obrigados a manter um diálogo de surdos, com os políticos, cidadãos, técnicos e funcionários autárquicos, dando origem a uma cultura institucional de contornos dramaticamente medíocres.
Uma autarquia onde não há liderança e chefia no topo da pirâmide, não pode ter capacidade de chefias intermédias ao nível da base, não tem estratégia de desenvolvimento, os seus mandantes ficam cada vez mais sós, isolados da população em geral, longe das opiniões e das soluções para realizarem uma gestão autárquica de acordo com os interesses das populações que os elegem, e então surge o disparate atrás de disparate.
Estão isolados, não tem informação, falta – lhes os apoios, ficam á mercê de gente sem escrúpulos e começa o descalabro.
Constroem praças publicas sem casas de banho ou estacionamentos, escolas deslocalizadas dos aglomerados populacionais, tem dificuldade em recuperar e por os edifícios públicos ao serviço da cultura e das populações, as obras publicas andam a passo de caracol e não chegam ao fim, não conseguem ordenar o transito dentro das povoações, identificar um sector ancora da economia concelhia, produzir um plano estratégico de Marketing Institucional concelhio, ignoram os buracos nas ruas e o saneamento básico nas aldeias, o apoio ás empresas e criação de emprego, as alterações ao PDM de acordo com as especificidades concelhias e interesse dos cidadãos, as carências de recursos humanos e das estruturas de apoio á saude…..
Esta tipologia de autarcas, são ultrapassados pela dinâmica do Mundo Actual, fogem a sete pés da inovação, são alérgicos ás novas tecnologias, desconhecem as vantagens económicas e ambientais das energias renováveis.
Olham em redor para os concelhos vizinhos, vêem um horizonte visual recheado de aerogeradores, produzindo energia eléctrica menos poluente e receitas financeiras para os cofres das autarquias e dos proprietários onde esses moinhos são instalados, mas para o seu concelho nada interessa, ficam á espera de um qualquer milagre.
Um pequeno concelho como Bombarral, com uma orografia privilegiada, de peito feito para os ventos da aberta Atlântica, não é difícil instalar uns parques eólicos, a produzirem uma receita liquida de 100.000 contos ano ( moeda antiga). e as micro e mini eólicas, assim como as fotovoltaicas….podem ser importantes na redução de custos orçamentais e reais das empresas agricolas, comerciais, industriais e custos energéticos do parque habitacional.
Com uma verba de 100.000 contos ano, complementar ás dotações orçamentais estatais, quantos subsídios podem ser dados ás associações económicas, culturais, educacionais, desportivas, e de solidariedade social ?
Quantas candidaturas aos fundos comunitários financiadas a mais de 50% ou 60% ?
Afinal, o grande problema das autarquias e idêntico ao do guitarrista, não basta ter um grande instrumento, é preciso é ter unhas.

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