domingo, 15 de março de 2009

Que Futuro para a Agricultura, Comercio e Serviços

A agricultura é uma actividade económica com grande impacto social, num País, como Portugal.
Ao longo da historia Lusíada, houve interesses de grupos sócio - políticos de inspiração feudal, que secundarizou as potencialidades de desenvolvimento do sector secundário, condenando a industrialização de matérias primas de um império desaproveitado, obrigando á ocupação quase exclusiva nos trabalhos braçais da ruralidade, de uma parte de um povo vergado pela fatalidade da luta pela sobrevivência.
A agricultura como actividade sectorial primaria, subdesenvolvida, cuja especialização era a força braçal, serviu ás mil maravilhas como capa de politicas estatais privilegiando o obscurantismo, desviando jovens rapazes e raparigas dos meios rurais dos bancos da escola.
A eles ofereceu como canetas, os cabos que lhes permitia servirem – se das enxadas para enfrentar uma luta diária com a terra, a elas os arcos das cestas com o almoço para pais e irmãos, palmilhando Km, e no regresso a casa apanharem e transportarem á cabeça uma saca de erva para alimentarem coelhos ou uma cabra, cuja carne ou leite, consumidos ou vendidos, aliviavam o paupérrimo orçamento familiar.
De uma maneira geral, a vida de quem dependia exclusivamente do sector da produção ou trabalho agricola, estava no limiar das necessidades básicas, a alimentação era escassa, a habitação rudimentar, com o alguidar no quintal ou na própria cozinha a substituir a banheira de uma casa de banho que não existia, a escola era uma miragem para aqueles que ao deitar já sabiam que não tinham mata bicho….
Felizmente, nas ultimas 3 décadas as coisas mudaram, as pessoas que vivem no meio rural, começaram a poder ter uma vida decente
Em particular na Região Oeste, devido a interesses económicos, alteração de hábitos alimentares e condições micro – climáticas, a agricultura desenvolveu – se, potenciou a expansão de culturas como os cereais, vinha, fruticultura e horticultura.
Entretanto surgiu a CEE, as promessas, os projectos financiados, as dividas á banca e a entrada de subsídios. Estas dividas á banca e os subsídios pagaram tractores, alfaias, sistemas de rega, estufas, furos artesianos, poços, puxadas de electricidade, regas gota a gota, jipes, armazéns, casas de habitação, pavilhões avícolas, suiniculturas, pecuárias de carne e leite, centrais fruteiras, adegas cooperativas, automóveis…
Os jovens agricultores acreditaram, os agricultores acreditaram, começaram a produzir produtos de qualidade, a organizarem – se para fazer face ás inovadoras exigências dos mercados…eram os mercados de origem, os mercados abastecedores, era o MARL, era a normalização dos produtos agricolas, era o mundo novo….
Tudo isto foi importante para a macroeconomia Nacional e regional, movimentou a construção civil, as empresas de maquinaria e equipamentos, os serviços de apoio contabilístico e fiscal, os apoios jurídicos e de solicitadoria, os serviços de engenharia e arquitectura, a industria das paletes e caixas, a industria de viveiros, empresas de electricidade e equipamentos, oficinas de mecânica e serralharia, industria de reclames luminosos, a restauração, o comércio tradicional em geral, a abertura de agencias bancárias…. para confirmar é só comparar com a actualidade.
Entretanto os hábeis políticos portugueses, há mais de uma dezena de anos começaram a atraiçoar uma classe social, os agricultores, que devia ser respeitada.
Anteciparam a abertura de fronteiras aos produtos agricolas comunitários e dos países terceiros, e começaram a grande tarefa de liquidar a produção agricola portuguesa, asfixiando a agricultura familiar, principal produtora e empregadora em troca dos grandes ordenados e reformas como gestores de empresas publicas e privadas sustentadas pelos impostos pagos pelos portugueses, através das grandes portas escancaradas para a fraude, chamadas construção de pontes, auto – estradas, estádios de futebol, aeroportos, TGV, e outras obras publicas …. com sociais derrapagens financeiras.
Actualmente, os agricultores na Região Oeste, onde predomina a agricultura familiar, não tem hipóteses de sobreviver.
Ás empresas agricolas familiares não lhe foram dadas possibilidades de reconverter, emparcelar, ganhar dimensão económica, não tem capacidade financeira, actualmente não tem crédito, como é que podem investir, inovar, crescer e ganhar competitividade?
Como é que sobrevivem e ganham competitividade, sem a regulação dos mercados, onde o produtor vende abaixo dos custos de produção e não sabe quando recebe?
Fala –se no Turismo , mais uma falácia, destinado a um espaço rural morto sem homens e mulheres, porque não se valoriza a função social e demográfica de fixar populações.
Não bastava a subida desenfreada dos factores de produção, como se prepara mais uma maldade apontada aos agricultores, a obrigatoriedade do pagamento de uma taxa de utilização da água na agricultura, mesmo utilizando estruturas de captação e armazenamento próprias.
È uma verdadeira palhaçada, querem imitar Espanha, mas as estruturas de captação, armazenamento e distribuição de agua, foram pagas pelo estado espanhol, muitas são do tempo do Franco, funcionam bem e os agricultores espanhóis pagam taxas simbólicas, é só comparar com as barragens da Atouguia da Baleia, Obidos, Alvorninha e Sobrena foram construídas com dinheiro da agricultura, mas não estão ao serviço dos produtores agricolas.
.Não há duvidas, os actuais governantes parecem danadinhos para obrigarem as populações dos meios rurais a regredirem 3 décadas…mas que democracia ?Que futuro na terra da Maçã, Pera Rocha, Vinho e Horticultura, para o comércio, industria e serviços.

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