O Bombarral actualmente parece uma terra, um concelho perdido no tempo á procura de identidade. Parece um concelho que não tem história.
Talvez devido a alguma vergonha em assumir a sua matriz rural ou por desvarios intelectuais de carácter preconceituoso urbano, não consegue suplantar penalizadores défices de conhecimento, que condicionam a abordagem e o aproveitamento histórico, económico e social das suas potencialidades endógenas, como instrumentos de marketing territorial.
È uma terra com história conventual, com igrejas e algumas quintas e palácios, teve uma produção significativa de cereais, mais recentemente vinho e fruta.
Foi um concelho barriga de aluguer, para a concentração de grandes quantidades de vinho que penetraram em mercados nos quatro cantos do Mundo. Armazenistas como: José Barardo, Pereiras Bernardinos, Patuleias e Patuleias, Sá´Dias e Filho,…..Companhia Agricola do Sanguinhal, Adega Cooperativa do Bombarral, Quinta dos Lóridos, Junta Nacional do Vinho…..são um património que ninguém pode apagar da memória histórica Bombarralense.
Hoje ! Nos círculos dos poderes locais inexplicavelmente continua – se a não valorizar, o que é Bombarral. Todavia, ainda hoje, nas terras do Cacuaco, na periferia de Luanda numa cantina social em pleno território rural angolano, ou no centro da cidade do Maputo, capital moçambicana, no restaurante PIRI e PIRI, falar no Bombarral é associar o seu nome á “Terra do Bom Vinho”ou quando se passeia na baixa Maputoense junto á cátedral é reconfortante para o ego bairrista, ver placares publicitários de vinho com o nome de BOMBARRIL.
Quanto á fruta, em particular a Pêra Rocha, não deve haver duvidas em relação á sua importância económica e social. O Bombarral é o concelho mais velho em termos de produção com objectivos económicos, tem o pomar mais velho, a maior produção, a Central Fruteira mais antiga, o maior Produtor Mundial, uma rede de modernas Centrais Fruteiras que exportam para quase todo Mundo….e uma historia quase centenária.
Foi um território de esperança onde era atraente viver. Foi alvo de migrações, em particular do norte do País. Eram pessoas humildes sem futuro nas suas terras de origem, maltratados pela vida, muitos chamados de Malteses, eram Valadores, cavavam, podavam, empavam, pulverizavam, na Eira malhavam milho, favas, ervilhas e feijão, vindimavam, e ate faziam a lagaragem muitas vezes em festa pela noite dentro, numa dança de grupo, animada com a musicalidade da prensa de trinco ou da gaita de beiços a comandar o pisar da uva….….as mulheres sazonalmente participavam em varias tarefas, ceifavam, roçavam para a manta, tiravam os olhos ás canas, davam aguapé ou paus novos ao rancho de cavadores, limpavam as varas, acarretam os canecos de sulfato para os pulverizadores, na Eira ao luar, descamisavam pargas de maçarocas de miho e desengaçavam o bagaço espremido no lagar, vindimavam e acarretavam baldes ou cestos de uva para tina, apanhavam e acarretavam vides para a fogueira.
Ao nascer do Sol, homens e mulheres, para enfrentarem os dezembros e janeiros rodeados de mantos brancos de geada, “Matavam o Bicho” muitas vezes com bagaço ou traçadinho na taberna da Tia Teresa, Tis Sousa, Virgilio, Chico Larico ou Carlos junto ás cancelas da CP, depois de muitas vezes já terem dado os bons dias ao Armando e ao ti Zé Pedro das Vacas, nos Matinhos.
Pelas 10 h, almoçavam, e quando o Sol ia a pino, por volta do meio dia, jantavam, logo após ao abrandar das chamas da fogueira das vides, em lume brando, assavam Couratos com Toucinho, para besuntar casqueiros , alguns com 8dias, conservados após a Matança do Porco, nos salgadores de alguns patrões mais sociáveis ou Sardinhas chegadas na hora.
Muitas vezes, esta humilde alimentação, em estômagos vazios, sabia que nem caviar em palácio, era regada com Aguapé através de encarniçados beijos de amor á boca do Testa Larga, barril, companheiro diário.
As sardinhas chamadas de corrida, eram transportadas através de um cabaz á cabeça, por uma valente mulher de um pescador qualquer de Peniche, que deixando os filhos entregues á sogra, palmilhava durante a madrugada trilhos agrestes, para no regresso poder fazer a cesta do farnel ao camarada pescador, seu marido , e adiantar algum dinheiro para diminuir o rol de fiados na mercearia/lugar lá do bairro, ou pelo peixeiro de Ferrel ou saloio ( fora de Peniche) com o seu burro equipado com açafates ou atrelado a uma carroça, faziam da noite dia, para ao nascer do Sol com pregão ou corneta em punho anunciarem a sua presença.
Após uma breve incursão pela Etnografia, onde a referencia é o homem como expressão biopsicultural, parece ser pacificamente aceite que o Bombarral está a mudar, mas a sua história e tradições tem de ser o suporte de novas dinâmicas sociais em prol do desenvolvimento, reinventando o futuro a partir da sua memoria histórica.
O Bombarral precisa de uma imagem, uma referencia Histórica – Mediática, que funcione como pólo de promoção das actividades culturais, económicas e sociais e de atracção de pessoas.
A Lourinhã escolheu o Parque Jurássico, Peniche o Fosso das Muralhas, Óbidos o Castelo , Alcobaça anda a trabalhar para criar um grande Museu do Vinho, ….., ao Bombarral nada interessa ? Porque não o Bombarral pensar no”Museu Agricola e Etnográfico do Oeste”, agregado a um Hotel Rural de 3 ou 4 estrelas, com parque de estacionamento para autocarros…. nas antigas instalações do IVV, no Cintrão , uma vez que este espaço tem 4 há, urbanos ?
Neste momento para juntar á caldeira gigante instalada num armazém do IVV a degradar – se, existe um coleccionador regional disposto a ceder vários equipamentos mediante uma parceria/fundação, ex: uma colecção de bombas de vinho desde o primeiro fabricante bombarralense no sec XIX, ate ao saudoso Maximino de Carvalho, oficinas completas de ferreiro, prensas de vara em lagares de madeira e lagares de pedra, outras prensas, pratos e malhais, tinas, barris, vários tipos de balanças, caldeiras, charruas, arados, carroças, charretes, coches, galeras, carros de bois, equipamentos e ferramentas agrícolas, vasilhas, vestuário…… isto é uma oportunidade, é quase como quem diz, dá Deus nozes a quem não tem dentes.
Terreno, equipamento, o Bombarral tem, falta de dinheiro, é preciso ir buscá – lo ao mesmo cofre que os outros vão.
È preciso abrir uma frente de dialogo defendendo os interesses do Bombarral na AMO, e no IVV. Apresentar candidaturas no QREN, PRODER, PROVERE… definir enquanto é tempo se as Energias Renováveis – Aerogeradores (Moinhos Gigantes ) são uma fonte de receita que poderão assegurar a sustentabilidade deste tipo de estruturas ou não, estabelecer parcerias Nacionais e Internacionais através da LEADER OESTE e com grupos económicos ligados ás actividades turísticas e hoteleiras, é preciso aproveitar os bons ventos/apoios/turísticos que estão a surgir…….e mais uma vez defender o interesse do Bombarral nas contrapartidas oferecidas pelo governo, pela mudança de local do Aeroporto da Ota….
Talvez devido a alguma vergonha em assumir a sua matriz rural ou por desvarios intelectuais de carácter preconceituoso urbano, não consegue suplantar penalizadores défices de conhecimento, que condicionam a abordagem e o aproveitamento histórico, económico e social das suas potencialidades endógenas, como instrumentos de marketing territorial.
È uma terra com história conventual, com igrejas e algumas quintas e palácios, teve uma produção significativa de cereais, mais recentemente vinho e fruta.
Foi um concelho barriga de aluguer, para a concentração de grandes quantidades de vinho que penetraram em mercados nos quatro cantos do Mundo. Armazenistas como: José Barardo, Pereiras Bernardinos, Patuleias e Patuleias, Sá´Dias e Filho,…..Companhia Agricola do Sanguinhal, Adega Cooperativa do Bombarral, Quinta dos Lóridos, Junta Nacional do Vinho…..são um património que ninguém pode apagar da memória histórica Bombarralense.
Hoje ! Nos círculos dos poderes locais inexplicavelmente continua – se a não valorizar, o que é Bombarral. Todavia, ainda hoje, nas terras do Cacuaco, na periferia de Luanda numa cantina social em pleno território rural angolano, ou no centro da cidade do Maputo, capital moçambicana, no restaurante PIRI e PIRI, falar no Bombarral é associar o seu nome á “Terra do Bom Vinho”ou quando se passeia na baixa Maputoense junto á cátedral é reconfortante para o ego bairrista, ver placares publicitários de vinho com o nome de BOMBARRIL.
Quanto á fruta, em particular a Pêra Rocha, não deve haver duvidas em relação á sua importância económica e social. O Bombarral é o concelho mais velho em termos de produção com objectivos económicos, tem o pomar mais velho, a maior produção, a Central Fruteira mais antiga, o maior Produtor Mundial, uma rede de modernas Centrais Fruteiras que exportam para quase todo Mundo….e uma historia quase centenária.
Foi um território de esperança onde era atraente viver. Foi alvo de migrações, em particular do norte do País. Eram pessoas humildes sem futuro nas suas terras de origem, maltratados pela vida, muitos chamados de Malteses, eram Valadores, cavavam, podavam, empavam, pulverizavam, na Eira malhavam milho, favas, ervilhas e feijão, vindimavam, e ate faziam a lagaragem muitas vezes em festa pela noite dentro, numa dança de grupo, animada com a musicalidade da prensa de trinco ou da gaita de beiços a comandar o pisar da uva….….as mulheres sazonalmente participavam em varias tarefas, ceifavam, roçavam para a manta, tiravam os olhos ás canas, davam aguapé ou paus novos ao rancho de cavadores, limpavam as varas, acarretam os canecos de sulfato para os pulverizadores, na Eira ao luar, descamisavam pargas de maçarocas de miho e desengaçavam o bagaço espremido no lagar, vindimavam e acarretavam baldes ou cestos de uva para tina, apanhavam e acarretavam vides para a fogueira.
Ao nascer do Sol, homens e mulheres, para enfrentarem os dezembros e janeiros rodeados de mantos brancos de geada, “Matavam o Bicho” muitas vezes com bagaço ou traçadinho na taberna da Tia Teresa, Tis Sousa, Virgilio, Chico Larico ou Carlos junto ás cancelas da CP, depois de muitas vezes já terem dado os bons dias ao Armando e ao ti Zé Pedro das Vacas, nos Matinhos.
Pelas 10 h, almoçavam, e quando o Sol ia a pino, por volta do meio dia, jantavam, logo após ao abrandar das chamas da fogueira das vides, em lume brando, assavam Couratos com Toucinho, para besuntar casqueiros , alguns com 8dias, conservados após a Matança do Porco, nos salgadores de alguns patrões mais sociáveis ou Sardinhas chegadas na hora.
Muitas vezes, esta humilde alimentação, em estômagos vazios, sabia que nem caviar em palácio, era regada com Aguapé através de encarniçados beijos de amor á boca do Testa Larga, barril, companheiro diário.
As sardinhas chamadas de corrida, eram transportadas através de um cabaz á cabeça, por uma valente mulher de um pescador qualquer de Peniche, que deixando os filhos entregues á sogra, palmilhava durante a madrugada trilhos agrestes, para no regresso poder fazer a cesta do farnel ao camarada pescador, seu marido , e adiantar algum dinheiro para diminuir o rol de fiados na mercearia/lugar lá do bairro, ou pelo peixeiro de Ferrel ou saloio ( fora de Peniche) com o seu burro equipado com açafates ou atrelado a uma carroça, faziam da noite dia, para ao nascer do Sol com pregão ou corneta em punho anunciarem a sua presença.
Após uma breve incursão pela Etnografia, onde a referencia é o homem como expressão biopsicultural, parece ser pacificamente aceite que o Bombarral está a mudar, mas a sua história e tradições tem de ser o suporte de novas dinâmicas sociais em prol do desenvolvimento, reinventando o futuro a partir da sua memoria histórica.
O Bombarral precisa de uma imagem, uma referencia Histórica – Mediática, que funcione como pólo de promoção das actividades culturais, económicas e sociais e de atracção de pessoas.
A Lourinhã escolheu o Parque Jurássico, Peniche o Fosso das Muralhas, Óbidos o Castelo , Alcobaça anda a trabalhar para criar um grande Museu do Vinho, ….., ao Bombarral nada interessa ? Porque não o Bombarral pensar no”Museu Agricola e Etnográfico do Oeste”, agregado a um Hotel Rural de 3 ou 4 estrelas, com parque de estacionamento para autocarros…. nas antigas instalações do IVV, no Cintrão , uma vez que este espaço tem 4 há, urbanos ?
Neste momento para juntar á caldeira gigante instalada num armazém do IVV a degradar – se, existe um coleccionador regional disposto a ceder vários equipamentos mediante uma parceria/fundação, ex: uma colecção de bombas de vinho desde o primeiro fabricante bombarralense no sec XIX, ate ao saudoso Maximino de Carvalho, oficinas completas de ferreiro, prensas de vara em lagares de madeira e lagares de pedra, outras prensas, pratos e malhais, tinas, barris, vários tipos de balanças, caldeiras, charruas, arados, carroças, charretes, coches, galeras, carros de bois, equipamentos e ferramentas agrícolas, vasilhas, vestuário…… isto é uma oportunidade, é quase como quem diz, dá Deus nozes a quem não tem dentes.
Terreno, equipamento, o Bombarral tem, falta de dinheiro, é preciso ir buscá – lo ao mesmo cofre que os outros vão.
È preciso abrir uma frente de dialogo defendendo os interesses do Bombarral na AMO, e no IVV. Apresentar candidaturas no QREN, PRODER, PROVERE… definir enquanto é tempo se as Energias Renováveis – Aerogeradores (Moinhos Gigantes ) são uma fonte de receita que poderão assegurar a sustentabilidade deste tipo de estruturas ou não, estabelecer parcerias Nacionais e Internacionais através da LEADER OESTE e com grupos económicos ligados ás actividades turísticas e hoteleiras, é preciso aproveitar os bons ventos/apoios/turísticos que estão a surgir…….e mais uma vez defender o interesse do Bombarral nas contrapartidas oferecidas pelo governo, pela mudança de local do Aeroporto da Ota….
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